A SIMPLICIDADE TEM UM ALTO NÍVEL DE SOFISTICAÇÃO

Nela tudo é como é, contém brilho próprio sem espaço para distrações. Preto no branco em contraste máximo.

Esse padrão pode ser observado na forma instintiva que os animais caçam, nas nuances de som e vazio das sinfonias clássicas, na escolha e preparo dos ingredientes por um chefe que preserva com sabedoria e boas técnicas de cocção a essência dos alimentos e na arte em seu contraste de luz e sombra. Quando a simplicidade é harmonicamente equilibrada temos a sofisticação como pura consequência. 

Sinto por vezes que o cérebro humano tem grande tendência em complicar coisas simples, gerar excesso, uma bagunça que caminha para a entropia se consolidando em sentimentos de frustração que levam às constatações: “Difícil demais, complicado demais.” — Desculpas demais. 

O excesso está ligado a não-presença, a desordem de pensamento e intenção.

Fala-se sobre a meditação como forma de alcançar um estado de presença absoluta onde o vazio mental se torna consequência do ato. O que pude compreender é que, dependendo do nível de entrega e concentração no aqui-agora, as ações que realizamos podem se tornar a fonte deste estado de presença absoluta onde os resultados das ações tem por consequência um alto grau de simplicidade e sofisticação. 

Ver que as coisas são mais simples do que imaginamos tira a roupagem da extrema perfeição. Estar presente em totalidade no que fazemos limpa a bagunça descontrolada da mente. Ter como objetivo unicamente fazer o que precisa ser feito torna a ação simples. Esta é a chave.